“É preciso deixar para trás a estrutura de comando e controle para formar equipes com múltiplas competências”, avalia Solange Sobral sobre os desafios da transformação digital nas empresas

“É preciso deixar para trás a estrutura de comando e controle para formar equipes com múltiplas competências”, avalia Solange Sobral sobre os desafios da transformação digital nas empresas

 

Conversamos com Solange Sobral, vice-presidente de operações da CI&T. Ela é responsável por liderar um exército de talentos envolvidos em iniciativas transformacionais com clientes do mercado financeiro e seguradoras, dentre os quais está o um dos maiores bancos da América Latina. Em sua jornada, acumula aprendizados nas áreas Comercial, Delivery, Relacionamento e Envolvimento com Clientes. Possui graduação e mestrado em Ciências da Computação pela UNICAMP.  Na entrevista concedida, ela avalia quais são os principais desafios da transformação digital nas empresas brasileiras e sinaliza quais serão as principais tendências da área em 2020.

Recentemente, Solange Sobral foi destaque na matéria ‘Negros na liderança: “Essa conversa é o resultado do nosso legado histórico”‘, do G1 e Globonews.   A vice-presidente vai ministrar a palestra “Transformação Digital – ingredientes certos não garantem o bolo perfeito”, no dia 30 de outubro, às 10h, no InovaCampinas Trade Show 2019. Confira o bate-papo:

 

InovaCampinas: Quais são os principais desafios da transformação digital nas empresas brasileiras? Conseguimos explicar um pouco esses pontos?

Solange Sobral: No primeiro semestre deste ano, em parceria com a Opinion Box, realizamos a pesquisa CI&T Business Impact com cerca de 200 executivos, sendo 100% em cargos de liderança. Quando questionados sobre o nível de preparo da empresa como um todo, 7 em cada 10 entrevistados disseram “sim” à questão. Mas mesmo que a alta liderança esteja engajada nesse processo e tenha plena consciência da sua importância para o negócio, a transformação digital para as empresas brasileiras apenas será efetiva se os silos deixarem de existir e se houver um real impacto no negócio.

É preciso deixar para trás a estrutura de comando e controle para formar equipes com múltiplas competências, que trabalham de forma autônoma, colaborativa e integrada em prol de um único propósito: gerar mais valor para o cliente. Adicionalmente, alguns dos entraves para viabilizar essa transformação nas organizações são: a falta de senso de urgência, já que as empresas precisam se reinventar para acompanhar as rápidas mudanças do mercado e as exigências do consumidor da era digital; o aprendizado lento, ainda há muitas empresas que levam meses e até anos para inovar, fazendo com que a solução perca o timing de mercado – as organizações precisam ser mais ágeis e adotar ciclos curtos de aprendizado, para inovar e impactar o negócio em poucas semanas;  adotar uma cultura de experimentação, criando hipóteses e ideias para ir a campo e testá-las rapidamente com os clientes; e, por fim, não ter receio de falar dos erros, pois em uma jornada de transformação digital os erros deve ser explicitados, discutidos e analisados uma vez que representam uma grande fonte de aprendizado.

A CI&T acredita que pessoas (cultura) e tecnologia são meios para a transformação e não fim. O fim é o impacto gerado. Nosso propósito é gerar impacto nos negócios dos nossos clientes, desbloqueando o potencial de suas pessoas, tecnologia e processos e trazendo agilidade nas entregas de valor para os seus consumidores finais. Utilizando a metodologia Lean Digital* e contando com nossos colaboradores especialistas, pioneiros na aplicação de design e tecnologias avançadas, trabalhamos em conjunto com os nossos clientes na resolução de problemas complexos promovendo mudanças profundas e duradouras.

 

InovaCampinas: A transformação digital vai muito além do digital: é sempre, primeiro, sobre pessoas. É isso mesmo? Como preparar equipe e gestores nesse sentido?

Solange Sobral: Sobre “O lado humano da transformação digital”, o objetivo número um do novo RH das organizações é transformar os tradicionais processos em modelos de geração de engajamento, colaboração, agilidade e impacto nos negócios.  A transformação digital é sobre cultura, logo, sobre pessoas. As áreas de Pessoas têm papel protagonista nesta transformação, apoiando a empresa nas mudanças que precisam ser realizadas para alcançar uma operação digital.

É preciso adotar novos formatos de trabalho nas operações digitais – os SQUADs. Como as equipes trabalham de maneira diferente, multidisciplinar e colaborativa, há necessidade de mudar a gestão e processos das áreas de Pessoas também. Operações digitais, portanto, requerem que estas estruturas estejam pulverizadas dentro dessas equipes que trabalham de maneira autônoma com foco em um processo, desde sua ideação até a entrega. A primeira mudança tem que ser estruturar as equipes de maneira diferente, por valor. A “equipe de Pessoas” deve estar focada no employee e olhar a jornada do colaborador de ponta a ponta, no seu dia a dia, durante a realização do seu trabalho, entendendo a sua experiência e suas necessidades.

O time de Pessoas deve reestruturar os processos de formação e desenvolvimento dos executivos, para que conduzam equipes na resolução de problemas de negócio, no aprendizado contínuo e na formação de novos líderes. A formação de Problem Solvers, de Líderes Inspiradores e Empáticos é um grande desafio. Para que esse processo tenha sucesso é fundamental o apoio da alta liderança da empresa, principalmente do CEO. A transformação do modelo de liderança da empresa tem que ser um movimento que vem de cima para baixo.

 

InovaCampinas: Quais seriam as principais tendências em transformação digital para 2020?

Solange Sobral: Sem dúvida, o analytics se mantém como tendência e grande vantagem competitiva para as organizações. Entender o consumidor e responder rapidamente e com efetividade aos seus anseios é a chave! Apostar em competências de análise de dados será decisivo para elevar o patamar das empresas no mercado a médio e longo prazos. Nas áreas de Pessoas e para as Lideranças, a tendência para 2020 será o engajamento com foco na formação de times mais autônomos, com múltiplas competências e onde a diversidade torna-se fundamental para gerar mais valor aos clientes e acelerar impactos nos negócios.

*Lean é uma filosofia que surgiu no Japão, na Toyota. Busca identificar e resolver problemas de maneira veloz e com otimização de custos. Pode ser aplicada em iniciativas de diversos segmentos e de naturezas variadas, incluindo o contexto digital – desde a criação de estratégia de negócios, desenvolvimento de produtos até o desenvolvimento de softwares.

 

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